O edital divulgado conta com reserva de vagas para pessoas pretas, com deficiência e indígenas
Natalia Oliveira, da Fepecs
Um dos processos seletivos mais aguardados por médicos do Distrito Federal e de outras cidades teve o edital divulgado nessa segunda-feira (30), com oferta de 533 vagas. A oportunidade é para ingresso em um dos 120 programas de residência médica desenvolvidos em hospitais, na atenção primária e em demais cenários de prática da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF).
A Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) e a Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs) são as instituições formadoras responsáveis pelos programas, que são custeados pela SES. Este ano, o processo seletivo está a cargo do Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades), que vai elaborar a prova objetiva e realizar a avaliação curricular dos candidatos.
Com o objetivo de tornar a competição mais igualitária, o edital conta com reserva de vagas para pessoas pretas, com deficiência e indígenas. O número reservado é de acordo com as chances de cada programa e faz parte das ações afirmativas destinadas às residências médicas.
A coordenadora dos cursos de pós-graduação lato sensu e extensão da Escs, Vanessa Dalva Guimarães explica que a residência é uma “formação especializada do tipo treinamento em serviço, supervisionada por profissionais de elevada qualificação, que são os preceptores”.
Inscrições e fases
As 533 vagas ofertadas estão divididas em inúmeras especialidades e áreas de atuação, sob a coordenação da Comissão de Residência Médica (Coreme) de cada região de saúde, que distribui as chances em hospitais específicos e na atenção primária. No ato de inscrição, o candidato deve indicar o programa de interesse e observar os pré-requisitos necessários. Além disso, para ter a inscrição efetivada, é preciso pagar a taxa estabelecida no edital, com valor de R$ 149.
Para concorrer a uma das vagas, o interessado passa por duas fases de avaliação. Na primeira, é submetido a uma prova objetiva, de caráter eliminatório e classificatório e, posteriormente, fica sujeito à análise curricular, que possui caráter apenas classificatório. Na segunda fase, tem a possibilidade de escolher o cenário de ensino em que deseja desempenhar a maior parte da carga horária das atividades do programa.
“A residência é uma pós-graduação lato sensu, e cada programa tem sua carga horária e tempo de duração específico”, esclarece a coordenadora Vanessa. Dentre as novidades do processo seletivo deste ano estão o programa de medicina do sono, ligado ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran); e o programa de apoio às residências de medicina de família e comunidade, que “oferta uma bolsa complementar, além da bolsa da residência, para os candidatos que optarem por aderir a esse programa e assumir uma equipe de estratégia de saúde da família”, destaca a coordenadora.
O período de inscrição para o processo seletivo será de 13 de novembro a 7 de dezembro, no site do Iades. A prova objetiva está prevista para o dia 16 de dezembro.
Bolsas ofertadas
Um dos atrativos para o programa de residência é o valor da bolsa ofertada, além de todo conhecimento adquirido durante a especialização. Aqueles que tiverem êxito no processo seletivo, vão receber a quantia de R$ 4.106,09 (bolsa-residência), além do pagamento mensal de auxílio-moradia no valor de R$ 1.231,82.
Os candidatos que escolherem o programa de apoio às residências de medicina de família e comunidade serão contemplados com uma bolsa complementar, no valor de R$ 7.536, por se tratar de um programa prioritário para a Secretaria de Saúde.
No âmbito do programa de residência médica em medicina de família e comunidade, também foram ofertadas as vagas disponibilizadas pela Escola de Governo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Brasília), por meio de Termo de Cooperação Técnica. “Já existe uma parceria educacional, pedagógica e no compartilhamento dos cenários de prática, e, finalmente, as vagas foram ofertadas num único edital”, explica a coordenadora.
Importância e expectativa
Sobre a importância de um processo como esse, com tantas vagas, Vanessa avalia que “a residência oferece a oportunidade para que o médico se torne especialista dentro de um cenário onde ele vai desenvolver inúmeras competências, como é o cenário do SUS”.
Acompanhados e orientados por preceptores nos cenários de ensino, os residentes vão construir estratégias para vencer as dificuldades que existem no sistema único de saúde (SUS). Essa modalidade de formação, que ocorre com supervisão, é considerada padrão ouro, tanto pela carga horária, quanto pela imersão no cenário.
A SES e a Fepecs são parceiras na formação de especialistas que, via de regra, passam a compor o quadro das duas instituições como força complementar de trabalho. Muitos médicos decidem, após a especialização, ingressar na rede pública de saúde por meio de concurso público. “Esperamos cumprir com excelência nossa missão pedagógica junto aos programas de residência”, finaliza a coordenadora.