Outubro Rosa alerta para prevenção e educação em saúde

Especialista fala sobre conscientização de mulheres durante todo o ano

Natalia Oliveira, da Fepecs

Autoconhecimento, prevenção, mudança de estilo de vida e educação em saúde fazem parte da lista de prescrição do ginecologista e obstetra Demétrio Gonçalves Gomes durante o outubro rosa- eleito mês de conscientização para o câncer de mama e colo do útero. Diretor da Escola Superior de Ciências da Saúde (Escs), o especialista é comumente procurado para retirar dúvidas sobre questões ginecológicas. “No Brasil e no mundo, os dois tipos de cânceres mais frequentes em mulheres são o de mama e do colo do útero, por isso a importância da prevenção, não só no outubro rosa, que serve de alerta ao tema, mas durante todo o ano”, afirma.

De acordo com o médico, hábitos simples como “uso de preservativo durante relações sexuais, vacinação contra o HPV, educação na saúde, exames de rotina e a própria conscientização da mulher” podem ajudar a prevenir o câncer do colo do útero. O exame mais indicado para detectar lesões precursoras desse tipo de câncer, ou a própria doença, é o preventivo, conhecido popularmente como Papanicolau.

Segundo recomendação do Ministério da Saúde (MS), mulheres com idade entre 25 e 64 anos devem realizar o exame periodicamente. O tempo é definido de acordo com seu histórico de saúde, ou seja, se o exame não apresentar nenhuma alteração pode ser realizado a cada três anos, “caso contrário, a indicação é que ele seja feito anualmente, para acompanhar qualquer tipo de evolução”, destaca Demétrio. O médico explica, ainda, que o câncer do colo do útero “está relacionado com a infecção pelo HPV, então há uma biologia de aparecimento de lesões que pode corresponder a dez ou quinze anos após o primeiro contato”.

Contra o câncer de mama não há, cientificamente, uma prevenção, “mas existe o autoconhecimento e a adoção de um estilo de vida mais saudável, que podem diminuir o risco”, pondera o médico. Para o rastreamento do câncer de mama o exame indicado, segundo o MS, é a mamografia, que deve ser realizada por mulheres a partir de 50 anos. No caso de uma predisposição genética, histórico familiar ou qualquer alteração em outros exames, o médico pode solicitar que a mamografia seja feita antes dessa idade. “Atualmente, há um grande número de detecção de câncer de mama em mulheres mais jovens, por isso a necessidade de realizar exames periódicos, pois no caso de um diagnóstico precoce, é bastante alta a taxa de cura”, enfatiza o especialista.

Mudança de hábitos

O médico considera que a mudança no estilo de vida é fundamental para a diminuição de fatores de risco relacionados ao aparecimento de câncer, seja ele de mama ou do colo de útero. Essa mudança também está associada à educação em saúde, no sentido de que, para ter mais conhecimento sobre prevenção e detecção da doença, é necessário buscar atendimento profissional. “As equipes de saúde da rede pública são capacitadas para fazer o acolhimento dessas pacientes e realizar o tratamento necessário, não só com exames preventivos, mas também com orientações gerais e acompanhamento posterior”, garante.

Pontuados como principais fatores de risco, o médico alerta que “tabagismo, sedentarismo e dieta descontrolada devem ser substituídos por prática de atividades físicas, alimentação equilibrada e eliminação do fumo”. Essa espécie de receita não elimina a chance de um diagnóstico negativo, mas diminui a possibilidade de uma má notícia, já que, segundo Demétrio, “o câncer de mama, por exemplo, é multifatorial”.

O médico pontua também sobre os cuidados que devem ser mantidos durante a gestação, por se tratar de um período em que a mulher sofre uma baixa na imunidade e pode ser propício para o aparecimento de doenças. “A realização de exames de prevenção em gestantes é muito importante, principalmente no primeiro trimestre”, afirma.

Como recado para as mulheres neste mês de conscientização, o médico afirma que “a prevenção é o principal para se evitar chegar a um problema maior”. Hoje, segundo ele, “temos um SUS muito fortalecido, com diversos protocolos de saúde e qualquer profissional está habilitado para informar e orientar essa mulher que procura se conscientizar, pois é necessário também que ela tenha o entendimento de buscar ajuda e informação”.

Dados

Conforme dados do Ministério da Saúde, mais de 73 mil casos novos de câncer de mama surgem anualmente no país. Já com relação ao câncer do colo do útero, são realizados mais de 17 mil novos diagnósticos por ano.

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